Com formação original a remontar ao ano de 1996, estes norte-americanos naturais da Carolina do Norte voltam a não desiludir, antes pelo contrário. O agora quinteto composto pelo novo vocalista Nathan Ellis, os guitarristas Barre Gambling e Charlie Shackelford (também ele uma novidade), o baixista Egan O’Rourke e o baterista Jesse Haff preconizam argumentos de pompa e circunstância que justificam a ausência prolongada a que se propuseram depois da edição de «No Reply» em 2002. De há quatro anos para cá, os Daylight Dies evoluíram e amadureceram como músicos, apresentando-se muito mais consistentes e equilibrados na música que constroem, continuando a executar o espectro death/gothic/doom metal que tão bem souberam recriar. Obviamente, a costela Katatonia mantém-se bem presente, sobretudo nas guitarras e voz, por vezes muito próxima do registo gravado por Mikael Äkerfeldt em «Brave Murder Day» e «Sounds Of Decay». No entanto, apesar das influências e referências claras, «Dismantling Devotion» instaura um certo distanciamento à fórmula «Brave Murder Day», ousando delinear novos caminhos, introduzindo elementos acústicos (tal como fizeram os finlandeses Rapture), alguns solos de guitarra e até utilizando vocais limpos em algumas faixas. Como se pode verificar, ao invés da banda norte-americana copiar o estilo até à exaustão, o que temos em mãos é um trabalho com toque pessoal, com interpretações mais soltas (onde destacar um ou outro tema seria uma tremenda injustiça), uma visita guiada a extraordinários arranjos e uma produção sólida que intensifica o lamento depressivo da banda, bem mais aguçado neste segundo longa-duração. Ingredientes suficientes para sentirmos que «Dismantling Devotion» é um gigante de emoções, uma obra-prima recomendadíssima (especialmente) a fãs de Katatonia, Opeth, Rapture ou mesmo Novembers Doom.