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domingo, outubro 08, 2006 

Entrevista a Sami Rautio (My Shameful)

Oriundos da Finlândia, os My Shameful são hoje em dia um dos grupos mais fortes no espectro mais funerário do doom europeu. Com cerca de 8 anos de existência e vários lançamentos editados no mercado, o grupo lançou este ano o seu terceiro álbum «The Return To Nothing». Estivemos à conversa com o mentor do grupo, Sami Rautio, que nos falou do novo álbum e das diversas mutações ocorridas no seio da banda.

Saudões Sami! O novo álbum de My Shameful intitulado «The Return To Nothing» foi lançado há alguns dias na Finlândia. Como te sentes depois de todo o trabalho desenvolvido e de teres o resultado final nas tuas mãos?

S: Na verdade, é um sentimento de alivio. Um longo percurso que de certa forma chegou ao fim, desde as primeiras demos das canções ate ao produto final. Entretanto, muita coisa se passou e na minha mente está tudo documentado, as memórias que tenho estão todas ligadas à criação deste disco.

Há alguma coisa que gostasses de mudar?

S: Sure, as always :D But I´ve learned to let go at a certain point, and now it is as it is.
S: Claro, como sempre. Mas aprendi a deixar ir as coisas a um certo ponto, até que no finale agora está como está.

Sei que a vossa editora, Firebox Records, já enviou CD promocionais para os media há já algum tempo. Recebeste algum feedback da imprensa em relação ao álbum?

S: Como suspeitava, as reacções que tenho recebido estão divididas em dois grupos: os que simplesmente não percebem o conceito deste tipo de música e os que adoraram o álbum. Pessoalmente, eu tento não dar muita importância a criticas.

Mesmo assim há alguma critica que te tenha surpreendido?

S: Por acaso, um critico
confundiu a bateria por uma bateria programada, o que obviamente não é o caso. Engraçado mesmo, é que o oposto aconteceu numa das critícas do álbum anterior.


Para ti, como membro de My Shameful, quais são as principais diferenças entre o «The Return To Nothing» e os lançamentos anteriores?

S: Agora sente-se que é uma banda e que soa como tal. Como produzi novamente o álbum, ter uma banda comigo fez com que o meu trabalho se tornasse muito mais fácil. Agora é mais produtivo trocar ideias com outras pessoas do que pensar e fazer tudo sozinho. Existe um novo “sopro de vida” na música que não existia anteriormente.

Este é o primeiro álbum em que My Shameful tem um line-up completo. Sabendo que no passado eras o único membro responsável pela banda, como foi estar envolvido com outras pessoas no processo de criação do álbum? Esta situação afectou o processo de composição?

S: Eu escrevi todas as canções excepto a "Outro" acústica que foi composta pelo Mark. Escrevo-as com o pensamento de que se um dia tiver de as tocar ao vivo, seja possível serem tocadas por uma banda completa. Mas sim, ter mais pessoas a minha volta, acrescentou novas dimensões no processo de composição, e tive de pensar nos arranjos muito mais cuidadosamente do que antigamente. De resto, se qualquer canção não cativar os restantes membros, ninguém tem medo de dar a sua opinião.

Ao longo dos anos sempre tive a ideia que My Shameful estava destinado a ser um grupo com um só membro ou um duo, mas nunca imaginei que um dia ias ter um line-up fixo, como acontece agora. Porque é que depois de tantos anos praticamente sozinho, decidiste acrescentar novos membros? Foi algo que sentiste que era preciso para o futuro do grupo ou estavas apenas há procura das pessoas certas?

S: Foi um conjunto de razões que aconteceu no momento certo. Noutras palavras, simplesmente aconteceu. Nessa altura eu decidi aventurar-me a tocar ao vivo, apenas por curiosidade para ver como ia resultar, e resultou! Por outro lado, começou a ser um fardo demasiado pesado para apenas uma pessoa. Já estava a ter problemas para conseguir manter a minha perspectiva na direcção certa.

Numa das pesquisas que fiz quando procurava informação mais detalhada do grupo, vi que há uns anos te tinhas mudado da Finlândia para a Alemanha, e que os outros membros eram de países diferentes como EUA e Finlândia. Como é que conseguem resolver as coisas? Encontram-se algumas vezes durante o ano?

S: Hoje em dia todos vivemos na mesma área, inclusive alguns de nós até trabalham na mesma empresa.

Descobri no vosso site que nos últimos dois anos já deste cerca de 11 concertos com grupos como Esoteric, Mar de Grises, Debris invc, etc. Como é que a audiência reagiu ao vosso som?

S: Na maior parte dos casos as pessoas ficaram surpreendidas pelo peso da nossa música quando estamos em palco. Somos um grupo brutal, frio, e “heavy as fuck"!

Vocês arranjam as músicas para as tocarem ao vivo ou tentam recriar as músicas como estão nos álbuns?

S: Simplificamos um pouco as músicas por necessidade. Quer dizer, era preciso uns 6 guitarristas em palco. Mas eu penso que soamos muito mais pesados ao vivo do que em estúdio.

Existem alguns concertos marcados nos próximos meses mas apenas na Alemanha. Não existem planos para uma pequena tournée num futuro próximo?

S: Por agora não temos nada marcado para fora da Alemanha, mas estamos sempre abertos a sugestões. ;-)

Olhando para trás na carreira de My Shameful, se tivesses oportunidade o que gostavas de mudar?

S: Gostava de ter tido uma banda completa mais cedo. Agora só temos de tentar ser cada vez melhores naquilo que fazemos. Se não conseguir alcançar o meu melhor em cada lançamento, para que continuar? Ando a “sonhar” em fazer um álbum, não necessariamente um álbum de My Shameful, em surround…. É capaz de ser interessante.

Já estas envolvido no processo de criação de música há já alguns anos. Qual foi a tua principal inspiração para começares a criar e a trabalhar com isso?

S: Para ser sincero não sei bem, era algo que precisava, era algo em mim que precisava de sair. Não comecei a criar música com um certo fim, isso posso dar a certeza. Quer dizer é bom exprimir-me desta forma, mostrar ao “resto do mundo”, no entanto ainda o faço para mim.

Qual foi o lançamento ou a banda que fez com que começasses a criar este tipo de música?

S: Isso é uma pergunta difícil…Acho que a raiz de tudo está no momento em que ouvi metal pela primeira vez, o «Piece Of Mind» de Iron Maiden para ser mais exacto. Mas não sei, acho que sempre me senti tentado a criar algo de extremo na minha música, e a tentar fazê-lo melhor do que o faz a maioria.

Alguma banda nova que te tenha despertado a atenção nos últimos tempos?

S: Bem…nos últimos tempos, os Shining têm rodado muito no meu leitor, como o último disco de Total Devastation, também ele muito bom. E Black Shape of Nexus, uma banda de Mannheim, que merece ser ouvida, caso gostem do lado drone do doom.

Entrevista e tradução : O L Y M P U S M O N S