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sexta-feira, outubro 06, 2006 

Entrevista com Robbie J. de Klerk (Another Messiah)

Envoltos num conteúdo sonoro “energético, atmosférico e inovador”, os holandeses Another Messiah lançaram, no início deste ano, «Dark Dreams, My Child», um disco de estreia repleto de ousadia. Contagiados pelo que ouvimos e numa altura em que já preparam um novo álbum, quis o destino que o Condutor Radioactivo conversasse com o vocalista Robbie para perceber melhor uma das mais interessantes propostas criadas em solo europeu nos últimos tempos.

Condutor Radioactivo – Pessoalmente, e antes de darmos inicio à entrevista, parabéns pelo resultado conseguido em «Dark Dreams, My Child»! Como tem sido o feedback recebido?

Robbie J. de Klerk – Olá Fred! Desde já, muito obrigado por fazeres esta entrevista. O feedback que temos tido até agora tem sido espantoso, não apenas no nosso país de origem, mas um pouco por todo o mundo. Têm sido feitas diversas reviews ao nosso disco, até de países que não conhecemos a língua.

Podes fazer-nos um resumo biográfico dos Another Messiah para aqueles que, aqui em Portugal, ainda não vos conhecem? Qual a origem por detrás do nome da banda?

Bom, o Chris (Christiaan A.J.B. Crouwers, baterista), o Martijn (Martijn R. Van de Leur, guitarrista) e eu conhecemo-nos desde há muito tempo. Costumávamos tocar juntos em algumas bandas, apesar de nunca ter sido nada de muito sério. Em 2003 formámos os Another Messiah e começámos de imediato a escrever material para o nosso EP «Another Renaissance» que deu óptimos frutos na promoção ao vivo. Quando o nosso ex-baixista nos abandonou, convenci o – Erik Jacobs – baixista da minha anterior banda a regressar à Holanda, mesmo a tempo de participar nos concertos da nossa tournée polaca. Depois de regressarmos ao nosso país, começamos a compor «Dark Dreams, My Child» que gravámos no Verão passado com Joost Van Den Broek, produtor conhecido pelo trabalho com os Ayreon e After Forever. Depois da gravação regressámos à Europa Central para uma série de concertos dedicados aos nossos fãs e neste momento vamos concentrar-nos numa série de espectáculos promocionais na Holanda. Para o próximo Outono pretendemos sair em tournée pela Europa fora. Em relação ao nome da banda, diria que o significado é ambíguo. Tanto significa esperança como desespero. Esperança porque há bastantes "Messias" que trazem e irão sempre trazer-nos esperança. No caso do Desespero deve-se ao facto de existirem tantos "Messias", no entanto nada muda.

Como descreverias o som de Another Messiah? Têm algumas influências específicas que gostassem de mencionar, como bandas favoritas ou algo mais?

Tal como já deves ter observado, gostamos de descrever o nosso som como sendo post-doom. Conduzimos o doom metal para uma nova perspectiva, sem que isso colocasse de parte um som sinistro e de horror. A nossa sonoridade é apenas aquilo que nos sai naturalmente quando tocamos. Todos temos gostos diferentes, no que concerne ao metal e suas variadíssimas manifestações. Eu, pessoalmente, sou um apreciador de hardcore/metalcore, o nosso baixista é um apreciador de death metal e actualmente, o nosso baterista é o único que está totalmente dentro da cena do funeral doom metal. Já o nosso guitarrista prefere estilos de metal mais complexos, do género de Devin Townsend, My Dying Bride, Ayreon, entre outras. Colectivamente temos algumas bandas comuns de que gostamos, nomeadamente os Gorefest, Rammstein e Fear Factory. Creio que qualquer pessoa que preste atenção a ouvir as nossas músicas, saltam à ideia nomes como os Opeth, os Gorefest e os After Forever. No entanto, opinamos da ideia de que não copiamos outras bandas.

Falemos um pouco acerca da gravação de «Dark Dreams, My Child». Podes dizer-nos como decorreu o processo de gravação e quanto tempo demorou a completar a mesma?

Gravar o álbum deu-nos uma grande satisfação. Demorámos cerca de meio ano a escrever as músicas. Entretanto começámos a falar com o Joost Van De Broek e ele deu-nos margem de manobra para sermos nós a escrever as músicas mediante a contrapartida de que ele comandaria todo o processo de gravação. Em primeiro lugar entraram em estúdio o Martijn e o Chris, mais precisamente, no Excess Studios que se situa em Roterdão, o mesmo local onde gravei o oboé no último dia de aluguer do estúdio. Bem, eu apenas estive lá durante dois dias ou algo parecido, mas foi essencialmente uma grande diversão com muito bebida alcoólica à mistura. [risos] Depois disso, eu e o Erik fomos gravar os vocais e o baixo para o Home Studio, em Enschede, situado no outro lado da Holanda, onde também vivemos momentos explosivos. Joost é uma pessoa que trabalha até tudo estar absolutamente perfeito e eu recomendo-o a toda a gente. É um grande produtor e o resultado final que ele conseguiu está fantástico! No fundo, ele trabalha até tudo estar absolutamente perfeito, nunca houve qualquer stress e ele é basicamente rock 'n' roll. Nós oferecemos uma grade de cerveja a alguém que o consiga meter a beber álcool! [risos]

Podes falar-nos acerca das letras das músicas? O que é que pretendem transmitir com o título do álbum «Dark Dreams, My Child»?

Imagina o teu pior pesadelo tornar-se realidade. Durante o processo de escrita o sentimento geral era assustador, de modo que queríamos que as letras reflectissem este estado de espírito. Essencialmente preocupa-nos o facto de estarmos presos à vida e sermos incapazes de sair de determinadas situações. Agora, multiplica esse sentimento por 1000 e chegas à história que escrevemos. Esta fala sobre uma jovem mulher e sobre uma pessoa que a raptou. O raptor coloca-a numa adega húmida e compete-te imaginar a restante história… De algum modo, eles estão mais ligados entre si do que aquilo que tu dirias à primeira vista, mas tudo fica mais evidente quando se ouve o disco atentamente. O título do álbum é uma espécie de referência às letras. Pensa nele quando dizes "bons sonhos" mas de um modo sinistro. Não importa se o dizes de uma forma mais afectuosa e afável, há sempre um murmúrio sinistro subjacente.

Uma das características mais expressivas no vosso disco, para além do excelente artwork, verifica-se na utilização de um oboé. Como surgiu a ideia de usarem este instrumento? É um instrumento pouco usual na cena metal, não concordas?

Temos de dar um grande salto temporal para te poder responder a esta questão. Tal como acontece com muitas crianças que nascem para serem altamente educadas e serem responsáveis, eu fui forçado a escolher um instrumento que eu teria, supostamente, de aprender a tocar porque "seria benéfico para mim". Devido a esse episódio tenho tocado oboé ao longo destes anos, principalmente quando começámos a andar juntos e a ensaiar. Se não estou em erro, creio que foi o Martijn que se lembrou de experimentar o “meu instrumento" depois de alguns ensaios. Penso que esteja algo relacionado com o meu tom vocal... [risos] Ao longo dos anos o oboé tem feito um grande sucesso e tem vindo a integrar-se perfeitamente na música que compomos. Apesar de termos consciência que não é nada vulgar utilizarmos um oboé na nossa música, consideramos que é apenas um dos instrumentos. Usamo-lo como sendo uma das nossas características proeminentes, mas evitamos o uso excessivo do mesmo.

Decidiram lançar o álbum pelos vossos próprios meios. Porque é que tomaram essa decisão? Neste ponto, neste instante, pensam que a Internet é uma boa forma de promover a vossa música? Apenas por curiosidade, sabem quantos álbuns venderam até ao momento?

Bem, uma das razões porque não lançamos o álbum através de uma editora foi simplesmente porque não tivemos uma proposta que nos seduzisse. Por isso, em vez de andarmos a importunar toda a gente, decidimos que era preferível deixar a música falar por nós mesmos. Estamos a fazer tudo sozinhos e modéstia à parte, estamos a comportar-nos muito bem. Temos recebido imensa atenção de diversas formas e posso adiantar-te que neste momento temos falado seriamente com várias editoras para a distribuição do álbum. Ainda assim, continuamos abertos a sugestões, caso existam. A Internet tem um valor excepcional porque é um meio de comunicação por excelência. Webzines como – Serpente Webzine – aquela em que colaboras, são um meio fantástico pois são bastante acessíveis e através delas consegues fazer com que um valioso número de pessoas tenha a possibilidade de conhecer e ouvir a música/merda que concebes. Relativamente às vendas do nosso álbum, se levares em conta que o único modo de conseguires o nosso álbum é através do nosso site oficial, os resultados tem sido bastante razoáveis. Creio que neste momento já ultrapassámos a venda de mil exemplares, sendo que já recebemos encomendas da Europa Central e do Sul mas também das Américas, e é claro, da Holanda e Bélgica. Como é óbvio, não são os milhões que vendes numa editora como a Roadrunner ou a Nuclear Blast, mas é um álbum que se tem vendido bem, apenas por si próprio.

Bem sei que é um pouco cedo para colocar questões como esta, mas quais são os vossos planos após o lançamento de «Dark Dreams, My Child»? O que podemos esperar da evolução na vossa sonoridade no futuro próximo? Já têm algum novo material?

Neste momento estamos apenas concentrados nos nossos concertos, designadamente actuações previstas nos Países Baixos, Bélgica e Alemanha. Já começámos a pensar e a ensaiar algumas ideias para o nosso novo álbum há alguns meses atrás e aparentemente o resultado será impecável. Na minha opinião, penso que o novo álbum vai ser um pouco mais obscuro e pesado do que «Dark Dreams, My Child», mas até lá ainda vamos precisar de mais algum tempo para terminá-lo até porque não somos dos compositores mais rápidos. É bem provável que um novo álbum de Another Messiah surja no espaço de um ano.

Antes de concluir quais foram, até agora, os melhores álbuns de 2005 que tiveste oportunidade de ouvir?

Bem sei que te referes a 2005, mas não posso deixar de referir o novo álbum de Amorphis que não consigo tirar da minha aparelhagem. É tão fascinante! Relativamente à cena holandesa os After Forever também fizeram um grande trabalho no seu novo álbum, assim como os Gorefest. De resto, sou um grande fã de Pro-Pain, por isso o último álbum deles é também uma referência imediata. Já os Fear Factory e os Rammstein foram duas bandas que me desapontaram em 2005.

Em nome do Condutor Radioactivo, obrigado pela entrevista e boa sorte para o futuro. Mais alguma coisa que gostarias de dizer às pessoas que lêem o nosso blog regularmente?

Quero agradecer-te pelo tempo que dispensaste na entrevista. São pessoas como tu que fazem com que o nosso trabalho seja reconhecido e que este possa andar para a frente. Espero fazer alguns concertos em Portugal e nessa altura espero que tenhas cervejas geladas à nossa espera! Brevemente, no Mundial de Futebol na Alemanha, vamos fazer-vos pagar pela derrota na semi-final do Euro 2004. [risos]

Entrevista: Frederico Eduardo
Tradução: Cláudia Batalha e Frederico Eduardo

Site oficial em www.anothermessiah.com

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