É mais ou menos certo e sabido que nos dias que correm, as condições que propiciam a aparição de novas bandas são muito mais relevantes. No entanto, muitos de vocês concordarão comigo se disser que grande parte desse leque não tem maturidade, nem atributos suficientes para avançar com um registo de longa-duração. Felizmente não parece ser o caso dos Insaniae e o facto da banda de Lisboa ostentar este disco pelos seus próprios meios, demonstra que as contrariedades inerentes ao facto de estarmos em Portugal, não foram motivo suficiente para deixar de acreditar nas suas potencialidades. Formados em 2003/2004 a partir das cinzas dos defuntos Dogma, este é o primeiro álbum destes Insaniae, uma banda de doom metal que até há pouco tempo não tinha tido oportunidade de ouvir atentamente. Em termos gerais, para um primeiro registo discográfico a banda portuguesa pronuncia um estilo musical que não sendo de fácil absorção, consegue obter um efeito agradável, especialmente se prestarem atenção ao conteúdo lírico – que apenas poderão encontrar no site oficial dos Insaniae – durante a escuta. Aqui tudo ou quase tudo bebe no saudoso death/doom metal que fustigou o Reino Unido no início da década de 90, não sendo muito difícil de encontrar fortes afinidades com Paradise Lost – sobretudo na abordagem a «Gothic» – e os My Dying Bride. A banda utiliza uma dicotomia vocal entre a agressividade masculina e a pureza feminina que não é novidade, sendo que o registo tenebroso de Diogo Messias é pouco perceptível e a voz angelical de Isabel Cristina é das duas utilizadas a mais convincente. De resto, o resultado é bastante intenso e apesar de alguma falta de originalidade – perfeitamente normal para um primeiro disco, caso não existam similitudes em exagero – têm alguma margem de manobra pelo facto de cantarem na língua de Camões. «Outros Temem Os Que Esperam Pelo Medo Da Eternidade» é seguramente um disco de alma e coração, prática essa que cativará qualquer amante de doom metal sem muita dificuldade.