Estamos perante a estreia discográfica para este colectivo natural de Setúbal, que inclui ex-elementos de Sculpture e membros de Process Of Guilt na sua formação. A banda formou-se há cerca de dez anos por Carlos D'Água (vocais) e Valter Cunha (guitarra) e após um início de carreira enviesado para a composição de temas em formato acústico, a banda decidiu investir numa formação com mais elementos e na interpretação de temas num molde mais pesado. É relativamente fácil traçar um paralelismo entre a sonoridade praticada por estes Before The Rain e a vaga de doom/death metal que assolou o Reino Unido durante a primeira metade da década de 90 pelas mãos de Paradise Lost, My Dying Bride e Anathema. Em pouco mais de uma hora os Before The Rain debitam seis faixas soturnas, em ritmo lento, impregnadas com sentimentos de perda e sofrimento, que Carlos D’Água acentua ainda mais, principalmente, quando utiliza um registo vocal comparável ao que Darren White empenhava durante a sua permanência nos Anathema e nos The Blood Divine. As transições entre as partes mais calmas (assentes em passagens acústicas) e as partes mais pesadas, estão muito bem conseguidas, o que acaba por estabelecer uma audição fácil que, embora assente em temas longos (excepção feita ao tema acústico “Paragraph” com três minutos e meio), consegue fluir muito naturalmente, sem grandes embaraços. Das seis faixas que incorporam «...One Day Less», duas delas (“Be Mine” e “You... My Ruin”) são originais referentes ao trabalho de 2003 intitulado «…And With The Day Dying Light», sendo que as restantes possuem a mesma orientação musical, sem grandes devaneios dignos de registo. O facto de Thomas Eberger (Katatonia, Opeth, Daylight Dies) ter sido o responsável pelas masterização dos discos de estreia dos Before The Rain e Process Of Guilt, nos The Cutting Room Studios (Suécia), associado à presença de Hugo Santos (vocalista e guitarrista dos Process Of Guilt) no seio do grupo há já alguns anos a esta parte, permite-nos depreender que a existência de algumas similitudes nas suas sonoridades são, de facto, fundamentadas. Este pormenor não invalida em nada uma possível aquisição de «...One Day Less», uma vez que uma audição atenta a ambas as bandas clarifica abordagens bem distintas dentro do género. Embora seja possível afirmar que os Before The Rain tocam exactamente o que muitas outras bandas do género já tocaram, a questão é que nem todas as bandas conseguem praticar este estilo da melhor forma. No caso particular dos portugueses Before The Rain, garanto-vos que o resultado final é francamente animador.